sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Democracia e comportamentos considerados anti-democráticos

O termo "democracia" surgiu na experiência grega de espaço público e permaneceu como um dos termos mais usados ao que tange a política do mundo contemporâneo. Dessa forma, a palavra "democracia" sobreviveu guerras, destruições em massa, bombas atômicas e perdurou no cenário interno e externo como um  dos símbolos da sociedade moderna. Entretanto, tanto seu sentido, forma de funcionamento e valor mudaram na medida em que os anos passaram e os conceitos das pessoas transformaram-se. Enquanto na Grécia, a palavra "democracia" era utilizada geralmente para se descrever uma forma de governo imperfeita, na Idade Contemporânea, ela caracteriza quase um ideal de forma de governo. Não que todos os Estados tenham se fundamentado sobre bases democráticas, mas um aspecto notável - mencionado, inclusive, por Bobbio em "Teoria Geral da Política" - é que até mesmo as ditaduras se camuflam sobre o termo "democracia". O que Bobbio quer dizer com isso é que até os governos autoritários da civilização ocidental estabelecem que são democráticos perante a comunidade internacional. O maior problema disso tudo é que, dessa maneira, as pessoas acabam confundindo falar de democracia com fazer democracia ou então misturam diversos termos políticos para chegar a uma determinada forma "ideal" de conduta. Um exemplo clássico é o que acontece na maior parte dos espaços públicos: eles se dizem abertos, e até certo ponto são, cada um pode manifestar sua opinião, mas então aparece algum ser com ideologia diversa dos demais e esse indivíduo é praticamente expulso desse espaço por vaias. O pior, entretanto, são os comportamentos implícitos. Há pessoas que se dizem abertas às opiniões diversas, mas quando as escuta faz "caras e bocas", reclama, e diz que o outro é maluco. E aí vem um grande dilema da vida: até que ponto Democracia  se caracteriza necessariamente pela Liberdade de Expressão? Escutar as opiniões alheias pressupõe respeitar todas elas? E o melhor: quais são os limites dessa Liberdade? Se um governo democrático pressupõe Liberdade de Expressão, é o primeiro ponto. Se Liberdade de Expressão não significa apenas ouvir, mas respeitar é outro. A partir daí pode se chegar ao choque entre se tudo é passível de ser escutado ou não.Essas são questões difíceis de enxergar no cotidiano, mas muito fáceis de se perceber em situações limites. Quer dizer, atitudes consideradas execráveis pela sociedade (como manifestação de racismo e desrespeito à moral) podem ser passíveis de serem defendidas em um espaço público, mesmo que a maior parte desse espaço seja totalmente contra? É algo a se pensar.



Por fim, deixo um estudo de caso:
Philip Pullman é um escritor britânico formado pela Universidade de Oxford. Ele vêm recebendo inúmeras críticas pelo título polêmico do seu último livro, "The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ" (que pode ser traduzido como "o bom homem Jesus e o 'canalha' Cristo"). O vídeo é uma espécie de defesa que o autor apresentou, descando os elementos da liberdade de expressão.
(Ele me foi enviado por um aluno de Introdução à Ciência Política, em que eu sou monitora.)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Qual o problema da esquerda brasileira?

Eu me considerava de esquerda, antes de entrar na universidade. Eu defendia uma sociedade igualitária, antes de entrar na universidade. Eu achava o comunismo até justo, antes de entrar na universidade. Eu não via tantos problemas em ditaduras como a de Fidel Castro, antes de entrar na universidade. Eu até simpatizava com Rousseau e achava Che Guevara uma graça, antes de entrar na universidade.

antes de entrar na universidade.

Um professor de História me disse uma vez, e na época eu achei um tanto enviesado, a seguinte frase: "quem nunca foi socialista na adolescência era sem coração e quem nunca deixou de ser depois dos 30 anos não era inteligente". Ou algo parecido. O que ele quis dizer, e é o que muitos afirmam, é que o socialismo/comunismo demonstram ideais típicos de jovens que querem mudar o mundo, típicos daquela idade em que tudo parece possível. Não é um sentimento negativo em si: essa esperança e vontade de lutar contra às injustiças. Entretanto, quando em exagero, é um caminho direto para a alienação. Ora, eu também fazia discursos eloqüentes, brigava com os meus pais, e escutava Punk Rock. Nunca fui anarquista, e achava que liberalismo era um palavrão, muitas vezes confundindo Política e Economia, um erro comum. Mas, após entrar na universidade, tudo mudou. O engraçado é que geralmente, eles fazem o caminho oposto: os playboys do Ensino Médio se encantam com o Manifesto do Partido Comunista, imprimem postêres de Karl Marx e começam a participar de movimentos sociais, quando passam no vestibular - principalmente se for para Sociologia. Mas, para mim, a primeira decepção com o Comunismo começou exatamente na leitura do Manifesto. E para Karl Marx eu tenho apenas uma palavra: vago. E não estou falando das obras econômicas do nosso camarada, mas simplesmente da obra que lhe deu mais sucesso entre o público juvenil. Ainda assim, ela não foi minha maior decepção com a esquerda. A maior decepção mesmo foi o movimento estudantil. Quando eu passei no vestibular, logo após o Ensino Médio, ainda tinha os mesmos ideais de sempre. De querer mudar algo. De lutar por condições justas. Esses ideais continuam, mas o que mudou de fato foi o meu conceito de justiça. Quando eu entrei na universidade, ela estava passando por um momento complicado: o reitor gastara não sei quantos mil em uma lixeira supostamente com o dinheiro destinado às pesquisas da universidade. E é claro que os estudantes pediam para a saída do reitor. Claro. Até aí, tudo bem. Então, vieram as assembléias estudantis. Geralmente começavam 12h e iam até mais de 14h. E a votação sempre era no final. Eu realmente queria me sentir parte da universidade, votar, participar, fazer parte do aparato político. Mas, veja bem, eu nunca gostei de faltar aula e as assembléias eram longas demais. No entanto, eu fui em todas. E só consegui votar uma vez. No começo, eu até me divertia com as plaquinhas engraçadas ("libertem o tibet"), as batucadas, as risadas, depois isso só foi formentando e cada vez mais distorcendo a seriedade, se é que há, do movimento. Em primeiro lugar, as discussões duravam demais: algumas vezes, depoimentos desnecessários relativos a outros assuntos (REUNI e afins) que não estavam ligados ao caso Timothy. Mas esse não era o pior. O pior mesmo era a propaganda partidária: uma assembléia que se dizia estudantil e eu tive que aguentar nada mais nada menos, e contadas no relógio, 1h APENAS de propaganda partidária, e é claro, só de partidos de esquerda: PSOL, PSTU e etc Incontáveis são os broches e panfletos que eu ganhei. E aí, chegamos na questão da representatividade. Há quem diga que essa crise não existe: "os estudantes representam quem vai nas assembléias". Mesmo assim, isso não é verdade. De 20000 alunos, 200 vão a essas assembléias, quando o DCE tem sorte. E ainda assim, acredito que pelo menos alguns deles sejam de centro ou até mesmo de direito, pelo menos 5% deles. Mas a assembléia insiste em levantar a bandeira vermelha, exibir as camisetas do Che (pop-art marxista!!!) e levantar os falsos ideais de fraternité e igualité, quando tudo isso é mascarado através de representação partidária. Bandeiras do PSOL e outros partidos sempre tremulando através das amnifestações "estudantis". Sinceramente, eu acho a utilização desse nome - "movimento estudantil" - uma ausência de legitimidade (e perdoem o termo, uma puta falta de vergonha na cara). Os estudantes são de direita, esquerda, centro e eu dúvido mesmo que a maior parte deles sejama filiados ao PSOL. Então porque, "companheiros", levantar essas bandeiras que não são em nada a cara da identidade estudantil? Outro aspecto que contribui mais do que tudo para a imagem que eu tenho do movimento, foi a falta de democracia. Eles sempre tentam defender os fator horizontal, a assembléia em que todos podem se pronunciar, mas quando um menino do CaDIR foi dar a opinião do Centro Acadêmico, foi vaiado por todos os garotos com a camisa do Che e todos os outros que estavam batucando antes e todos aqueles que possuiam opiniões contrárias. Penso que democracia pressupõe respeito às opiniões diversas. E aí, eu devo concordar com Voltaire: “Não concordo com nenhuma palavra que vc diz, mas, defendo até a
morte o direito de pronunciá-las”.
E isso está totalmente ausente nas assembléias Porque qualquer opinião contrária é declarada ilegítima, e vai tentar se pronunciar com os "sociais", que só falta eles te apedrejarem.  E eu falo por experiência própria, porque muitas vezes fui chamada de neoliberal. E esse enfim é o maior problema da esquerda em geral: essa visão maniqueísta e essa tentativa de limitar o que é e o que não é. Essa divisão metódica de "bem" e "mal", onde os neoliberais são os vilões e as pessoas de direita fazem parte do lado negro da força. Essa não-aceitação de idéias e sugestões. Essa linha grossa e firme que define esquerda e direita, respectivamente bem e mal, social e "patricinha". Esse pensamento de achar que quem é de direita só se preocupa com a propriedade privada, e etc. Essa ilusão de heroísmo. E principalmente, essa hipocrisia. Hipocrisia sim, porque a maior parte das pessoas que falam mal da direita, possuem o carro próprio e uma vida confortável. É muito fácil ser socialista quando se tem uma vida confortável. Porque é muito fácil falar. Toda vez que eu vejo um menino andando com uma camisa do Che Guevara eu não consigo reprimir um único pensamento: "Tantas pessoas, jovens e adultos, morreram nas mãos desse cara e esse babaca anda desfilando com esse lixo de camisa sem ter ao menos noção do número de pessoas assassinadas, da quantidade de litros de sangue derramada simplesmente porque Che Guevara era um lunático metido a guerrilheiro." Pop-Art marxista. De culto ao personalismo, nós temos Hitler e Stálin, os extremos se aproximam, milhões de mortos. Se antes eu defendia uma sociedade igualitária, hoje eu prefiro uma meritocrática. Pois se existe uma verdade absoluta, essa é a que diz que não somos todos iguais. Não somos todos iguais, porque temos necessidades e capacidades diferentes. O que falta é as pessoas aprenderem que isso NÃO é ruim. Uma sociedade justa para mim seria aquela em que houvesse igualdade de oportunidades, em que as profissões ganhassem salários mais justos, respeitando-se o direito de escolha. Porque há muitas sociedades capitalistas, em que esse direito de escolha não existe por causa da falta de recursos. Mesmo assim, a solução não é tirar de quem tem, mas impedir que se tenha de menos.É prover aquelas necessidades básicas, direitos fundamentais e dar a oportunidade de crescimento, considerando as diferenças individuais. Porque elas existem e preconceito mesmo é ignorar a existência. Porque afinal, nem tudo na vida se resolve ocupando.

PS: Esse post foi altamente pessoal e não tem nenhum compromisso com a imparcialidade jornalística, então é apenas uma expressão de opinião, do mesmo modo que eu tenho direito de pensar assim, você tem todo o direito de discordar. Só peço apenas que respeite assim como eu respeito o seu direito de discordar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A confusão na Universidade de Brasília




Às vezes eu fico me perguntando onde estão os universitários desse país. No caso do Renan Calheiros, por exemplo, achei estranho nenhuma manifestação de grande amplitude ter sido feita. Achava um absurdo o comodismo brasileiro com tanta corrupção. Porque naqueles dias eu acreditava piamente que a revolução deveria ser feita pelas mãos do povo. Eu tinha uma visão romantizada de qualquer tipo de conflito contra sistemas, principalmente autoritários e imaginava que poderíamos muito bem viver uma utopia. Mas antes mesmo de ler Morus, comecei a mudar levemente de opinião.
Essas semanas têm sido engraçadas e aproveitadoramente enriquecedoras no que se diz respeito a pequenas experiências políticas. Logo eu, que sempre admirei o trabalho dos jornalistas e quis estar no meio de alguma grande notícia. Essas semanas, eu tive a minha oportunidade.
Desde o começo do ano, o reitor Timothy Muholland está sendo acusado de desvio de verbas que seriam destinadas às pesquisas ou cursos de extensão para usar na decoração de seu apartamento funcional.
À principio eu achei estranho não haver participação direta dos estudantes em algum tipo de reivindicação, mesmo porque a própria mídia não estava dando grandes coberturas ao caso. Será que é tanta corrupção que ficamos acostumados?
O fato começou a ter destaque nos jornais quando estudantes invadiram a reitoria. Decidi então fazer então minha própria “matéria”. É difícil ser parcial nesse caso, mas pontuarei o melhor possível esse texto para que cada um possa formar sua opinião sobre o que está acontecendo nessa Universidade.
























O INÍCIO

Desde a abertura do semestre que a Assembléia dos Estudantes organizava passeatas e reuniões sobre a “questão Timothy” na Universidade de Brasília. Entretanto poucos alunos se interessavam ou compareciam às essas reuniões.
Na Quinta-Feira(3), após uma pequena reunião da Assembléia, estudantes se dirigiram à reitoria e numa ação espontânea, decidiram ficar lá, ocupando o segundo andar do local. Alguns já se retiraram, outros continuam. Duas vezes desligaram a luz e a água. O judiciário aprovou a intervenção da PF para retomar a posse do prédio. Havia vários seguranças, que por força dos estudantes se retiraram na Segunda(7). Devido à ocupação, diversos outros estudantes aderiram à causa e o movimento tomou uma proporção maior na mídia brasileira.





Os argumentos CONTRA a invasão:

_ A ocupação atrasa certos trabalhos da Reitoria, tal como pagamento de bolsas.
_ O movimento ganhou uma proporção caótica ao reunir diversas pessoas que não estão lá com seriedade, mas pela baderna.
_ A resistência à princípio chamada de “pacífica” deixou de merecer esse termo há muito, desde que um estudante agrediu um segurança e foi praticamente espancado por uns cinco.
_ Há violência, e não me refiro apenas à física.






Os argumentos À FAVOR da ocupação:

_ O “caso Timothy” ganhou mais destaque na mídia.
_ Mais estudantes se conscientizaram politicamente e foram para as assembléias.
_ Algumas concessões pertencentes à pauta do movimento foram aceitas.
_ Em todo caso, o movimento é uma resistência à corrupção desse país.
_ o Ministério Público fez uma denúncia do reitor devido às pressões do DCE.




A MÍDIA:

A televisão principalmente está deturpando o movimento estudantil. Entre as piores afirmações, está a acusação de envolvimento partidário. Um jornal chegou mesmo a afirmar que “a esquerda está inflamando os corações jovem a se revoltarem contra o sistema”. Ridículo(perdoem-me a parcialidade). Parece até a Revista VEJA. A mídia também faz questão de mostrar como o movimento foi desorganizado e toda hora expõe o problema de pagamento dos funcionários.


AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO:

Enquanto a mídia fala que os estudantes estão sendo influenciados por partidos políticos, os estudantes reclamam de supostos jornalistas e integrantes da polícia que fingem ser estudantes para votar na assembléia contra a ocupação. Por isso, para votar o estudante precisa fazer um credenciamento mostrando sua carteirinha.



OS FATOS:

De fato, tem muita gente, inclusive partidos políticos e sindicados, querendo se promover à custa do movimento estudantil. Porém, o diretório não tem nenhuma ligação com esses partidos e nem todos os jovens “inflamados” são de esquerda. O movimento é apenas uma reivindicação estudantil contra a falta de senso do atual reitor.
Não é novidade que a universidade carece de diversos equipamentos. O curso de Desenho Industrial por exemplo, está tentando construir um prédio próprio desde 1996 e até agora não foi liberada verba. Os Centros acadêmicos de Artes Cênicas e Visuais não possuem espaço físico e os computadores utilizados pelos estudantes de Ciência da Computação são arcaicos. Enquanto isso, o reitor gastou 470 mil reais com reformas em seu apartamento funcional. É importante salientar a palavra funcional, já que indica que ele além de não pagar pelo apartamento, ainda gastou dinheiro institucional com reformas. E o fato de que o apartamento será passado para o próximo reitor não ameniza a falta de bom senso do atual, apenas nos faz crer que realmente esse ato além de imoral, foi babaca.

Realmente, o movimento tomou proporções inesperadas e até violentas. A liderança faz questão de incentivar um movimento democrático, mas as pessoas que se pronunciam contra a ocupação, inclusive o Centro Acadêmico do curso de Direito que considera ilegítima essa ocupação, são vaiados. Que democracia é essa em que a opinião da minoria não é ao menos respeitada?
Diversos funcionários se pronunciaram afirmando que a invasão NÃO afeta o pagamento porque esse é feito através de depósitos bancários. Ao sair da reitoria, um dos funcionários pronunciou em voz alta: “Sou funcionário público e não funcionário do Timothy”.





A ASSEMBLÉIA DE QUARTA(9):

Eram 12 horas. A imprensa começava a chegar. A assembléia se reunia atrás da reitoria. Diversos grupos apóiam o movimento. A assembléia conta com participantes do Pará e Rio Grande do Sul, entre outros estados brasileiros, cujas universidades apóiam o movimento. Após uma hora de informes e propagandas, os participantes começam a se pronunciar. A “platéia” pede para que se encerre o falatório e entre a discussão. A mesa atende o pedido. A verdade é que a maioria fala a mesma coisa no microfone, o que acaba deixando frustrados e cansados os que estão ouvindo. Maioria esmagadora vota a favor da manutenção da ocupação. Fala-se em greve e em paralisação geral, assuntos que serão principais em futuras assembléias. Outras questões como a do REUNI* são apresentadas. A maioria dos alunos são contra esse *programa de abertura de vagas pois acreditam que falta preparação de estrutura para receber os estudantes.
Os funcionários se pronunciaram(como foi mencionado antes) hoje na assembléia. Entre os discursos, um deles falou: “Para nós é muito importante esse movimento a fim de avaliar a redemocratização e a gestão da UnB”. “...um funcionário tem que trabalhar 5 vezes mais para ganhar o mesmo custo da lixeira do Timothy”.

Mas quem teve mesmo destaque na assembléia foi a leitura de uma carta que a comunidade negra mandou ao reitor. Timothy disse em entrevista coletiva que se sentia perseguido por pessoas contra as reformas de inclusão social que ELE aplicara na universidade. Os estudantes negros alegam que o reitor não foi o criador das cotas e que ele não possui o menor direito de se nomear “criador da inclusão social” da universidade. Após a leitura da carta, os estudantes cantaram uma música em homenagem a muitos ilustres negros da história, incluindo Martin Luther King.






A OPINIÃO DOS ESTUDANTES:

Conversei com duas alunas da Comunicação Social da Universidade. As duas se mostraram a favor da ocupação e contra a greve.
A primeira disse que “os estudantes deveriam lutar, pois a verba deve ser destinada à pesquisa e melhorar a estrutura da universidade e não mobiliar apartamentos.” A segunda afirma que “os estudantes são os mais interessados pela saída do reitor e devem fazer por si mesmos sem esperar atitudes de outrem”. Leia-se “outrem” por “judiciário”, que aliás ainda está fazendo as investigações sobre o caso.


E finalmente,

MINHA OPINIÃO SOBRE O ASSUNTO.
Eu gostaria muito que o reitor saísse, mas sou contra a ocupação. Percebe-se que a maioria das pessoas que estão no movimento participa mais pela bagunça do que do principal objetivo de reivindicar condições melhores para as universidades federais. Além do mais, essa resistência já deixou de ser pacífica e corre o risco da Polícia intervir, gerando mais violência e conflitos.
Eu ainda acredito que é importante lutar pelos nossos direitos como cidadãos, porque aliás o dinheiro da FINATEC não é somente o nosso mas também dos pais dos estudantes das particulares. Acho realmente um absurdo o reitor, que se diz tão respeitável, gastar um dinheiro que serviria para financiar pesquisas e assim aumentar o nível técnico do país com um apartamento. Gastar mil reais com uma mísera lixeira enquanto tem centenas de milhares passando fome no país já é decadente. Ainda mais se tratando de um intelectual responsável por gerenciar uma das maiores e melhores universidades do país. Entretanto, ocupar a reitoria não vai fazer efeito, o movimento só está perdendo a “moral” com esse tipo de atitude. As pessoas vaiam os que são contra e isso é prova suficiente de uma hipocrisia existencial, já que além de dizer que é pacífico, o movimento se diz democrático. Além disso, as investigações ainda estão sendo feitas e a ocupação parece equivocada. Muita gente está usando o movimento para se promover e a reivindicação está infelizmente perdendo suas origens. Não ache que cabe ao DCE discutir agora a questão do REUNI, por exemplo. Peço que a liderança tome consciência da proporção que essa ocupação está adquirindo, para como o próprio Fidel disse uma vez, e fez uma previsão digamos assim, “a revolução não devore seus filhos”.

Eu ainda acredito na UNB.



HÁ OUTRAS ALTERNATIVAS DE PROTESTAR....



Falando em resistência PACÍFICA, o Centro Acadêmico de Artes Visuais(CaVIS) teve uma idéia gênial. Eles estão pedindo aos estudantes que doem lixeiras, que serão colocadas na reitoria Sábado como formar de protestar contra os gastos do reitor.
Dessa maneira ninguém se machuca e a reivindicação ainda ganha um aspecto criativo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A renúncia do comandante.

CuApós quase 50 anos de poder, o sempre citado ditador Fidel Castro renunciou ao poder de Cuba provisoriamente(ou não) em prol do seu irmão Raul Castro. Devido a diversos problemas de saúde - incluindo uma operação no estômago - o comadante não se sentia mais em condições de governar a ilha.

A notícia se espalhou por todo tipo de noticiário e gerou diversos tipos de especulações. As mais comuns sobre uma possível abertura economica - principalmente com os EUA - e talvez finalmente a tão esperada democracia. A União Européia já declarou que espera que Cuba engate na luta pelo que eles chamam de "liberdade" - tanto no sentido econômico(o principal, digamos), como politíco.
Entretanto, é claro que as coisas não são tão simples. O próprio Fidel Castro pronunciou que continuará atuando na ilha com "opiniões" e "sugestões" para o governo que está na mão de Raul Castro, irmão e também "filho da revolução". Provavelmente a abertura econômica e a democracia farão parte de um processo lento de reestabilização da ilha, que levará o país ou ao densevolvimento ou à ruína (sem querer ser alarmista).

O fato é que Cuba possui uma história traumática por si só. Primeiramente colonizada pela Espanha, sempre foi alvo de dispustas tanto externas e internas, destacando o massacre aos índios e os frequentes ataques dos corsários e contrabandistas. Na época das Grandes Navegações, Havana não era nada mais que um posto intercomercial. Depois que passou para o domínio do EUA, a situação não melhorou muito. O país virou um extremo "turismo de segunda classe" para os estadunidenses. O governo era uma ditadura governada pelo déspota Fulgêncio Baptista que apenas vivia no luxo protegido pelos EUA. Diversos livros eram proibidos e pessoas que expunham suas idéias libertárias eram seriamente punidas, e algumas vezes assassinadas. As ruas eram cobertas por cassinos e prostíbulos aproveitados pelos turistas, enquanto a população vivia na miséria. As empresas Yankees dominavam o setor industrial, trazendo lucros imensos para o EUA, enquanto Cuba vivia na extrema pobreza. Foram esses fatores que incentivaram a Revolução de 62. Em busca pela liberdade e com um espírito forte de nacionalidade, Castro liderou a chamada Revolução Cubana, que entraria pra a História. A príncipio a revolução - diferente do que muitos pensam - não estava ligada ao socialismo, apenas era contra o capitalismo brutal em que proporcionava as miseráveis condições da ilha e seus moradores; e principalmente era contra o imperialismo estadunidense. O objetivo da Revolução era implantar uma ditadura temporária(apenas para consolidar a revolução) de acordo com o sistema que Castro chamava de "Social-Humanitário" - "nem capitalismo, nem socialismo". A primeira coisa que Fidel Castro fez foi conceder a cidadania a todo morador cubano - inclusive os indigentes, mendigos etc - e fechar todo e qualquer cassino ou prostíbulo. Logo, ele nacionalizou a maioria das empresas e expulsou os Yankees da ilha. Além disso, isntalou um sistema eficiente de saúde e educação, além de desenvolver a reciclagem. Os EUA tentaram tirar Castro do poder, mandando cubanos exilados que viviam em Miami para invadir Cuba. Mas esses cubanos foram expulsos pela população na chamada "Baía dos Porcos"; essa divergência gerou o embargo econômico - uma tentativa de isolar a ilha e de vez vencer Castro. Os problemas financeiros começaram a aparecer e a única saída foi o alinhamento com a União Soviética. Com a imensa mesada soviética, Cuba prosperou e se tornou a "vitrine do socialismo" na América Latina. Em prol de expandir o Socialismo, Che Guevara foi mandado para a América do Sul, onde faleceu na Bolívia - supostamente assassinado pela CIA. Castro patrocinou diversas guerrilhas em países da África e da América Latina.
Com o fim da União Soviética, o dinheiro acabou e a ilha passou a viver numa escassez tremenda. A solução foi investir no turismo com medidas como a legalização do dólar. Os alimentos são escassos, as filas são enormes e não há muita circulação de bens de consumo básico. A população vive suprimida pela falta de liberdade e diversas pessoas já tentaram inclusive fugir. O sistema de Cuba é peculiar. Enquanto o país se destaca na Educação, nos Esportes e na Saúde - coisas visivelmente precárias em diversos países capitalistas - as pessoas sentem o peso de viver em uma ditadura e na escassez. O povo cubano é sofrido e já está cansado da exploração.
Exploração pela Espanha, pelos EUA e pelos próprios governantes.
A única coisa que resta aos cubanos é esperar e acreditar.
Esperar que a história novamente tome seu curso.
Acreditar que essa renúncia realmente tenha sido um fato positivo.
Enquanto isso, EUA e UE, esperam, é claro, a abertura do comércio.
Porque pelo visto, não há liberdade sem opressão.

Fidel Castro entrou devidamente para a história mundial.
Pelo bem ou pelo mal.





::..Fontes:
http://www.bbc.com/
http://www.wikipedia.org/
Cuba, uma nova história - Richard G.
Fidel Castro. Bibliografia não autorizada - documentário

domingo, 9 de dezembro de 2007

Seria o acesso a inovações tecnológicas a garantia do desenvolvimento social de um país?

(Esse foi o tema de uma prova do Programa de Avaliação Seriada-PAS, espécie de vestibular seriado de admissão na UnB)
Agora que não tenho linhas limites(odeio isso) e possuo mais liberdade ortográfica e literária, posso desenvolver melhor esse tema:


Após a Revolução Industrial, ficou clara a necessidade denovos recursos tecnológicos para um maior desenvolvimento econômico e em consequência, a melhoria da qualidade de vida da população. Entretanto, a crise do liberalismo econômico provou que o Capitalismo não é suficiente para suprir toda a insuficiência social de uma nação. Isso significa que não basta deter os meios de produção ou ter acesso à eles. É preciso saber manejar esses meios, dominar o conhecimento. E para isso, torna-se fundamental a ação do Estado no relevante à conscientização científica da população. A ignorância de um povo é uma arma cruel em prol de um governo corrupto e manipulador, e a prova disso é a República Velha. Afinal, é bem mais fácil enganar eleitores sem formação, o que eu chamaria de massa popular, do que pessoas bem informadas(É claro que possuem exceções).
O decorrer da História aponta a Educação como um dos principais pré-requisitos para o desenvolvimento social de um país. Se ora é difícil crescer com um governo ladrão(e me perdoem o uso desse termo), ora esse governo é uma consequência indireta da falta de instrução dos cidadãos. Além do mais, isso implica diretamente na qualidade de mão-de-obra e finalmente, no setor de investimentos. Quem é que vai investir em um país com mão-de-obra tão fragilizada?
O Japão, por exemplo, emergiu como potência, após ter investido o Plano Colombo em áreas tecnológicas e científicas, aperfeiçoando a mão-de-obra. Hoje, é um dos países que lideram a frente do Capitalismo global.
Fica claro a responsabilidade do Estado e o tamanho peso que a Educação exerce. Sendo assim, não basta adquirir a tecnologia, é preciso deter conhecimento tecnológico. E como diria o grande ditado, não basta oferecer a vara de pescar, é necessário ensinar como se faz.

Tenham uma ótima semana(fantasmas que lêem esse blog)

domingo, 18 de novembro de 2007

Conflito no Oriente Médio: O cúmulo da falta de respeito.

A Questão Palestina não é uma novidade. Noticiários, documentários, internet já apresentaram diversas vezes imagens inacreditáveis sobre o conflito acerca de palestinos e iraelenses, que mata diversas pessoas inocentes a cada ano. Mas o mais inacreditável não são essas cenas as quais os telespectadores estão cansados de ver, e sim a origem que poucos dos ouvintes conhecem. O que de fato impreessiona é que a base da divergência é a disputa entre as religiões algo que geralmente prega o amor o próximo, e que paradoxalmente nasceu da mesma base.







Introdução - Antigo testamento Gênesis

"Abraão, pagão de origem, guiado por Deus, deixa a sua terra natal e vem estabelecer-se na Palestina. Aí ele recebe as promessas divinas: será o pai de um povo numeroso e abençoado. A aliança consitirá na fidelidade que o povo saído de Abraão deverá guardar para com Deus. Como sinal dessa aliança, foi instituídoo rito da circuncisão para sempre.

Por outro lado, Abraão é chamado a testemunhar sua fé numa prova de excepcional importância: o sacrifício do filho único, no qual repousava a promessa divina"



Em suma, Deus encarregou Abraão de fundar o monoteísmo, mudando-se para a Palestina. Em recompensa, sua esposa estéril daria origem a uma enorme descendência. Como Sara não conseguia ter filhos, ordenou a seu marido que fosse ter com uma escrava. Essa relação extracomungal deu origem a Ismael. Mais tarde, Sara acabou engravidando de Isaac. Os dois conviviam em harmonia, até que um dia Ismael deu um "cascudo" em Isaac. Sara, contrariada, expulsou-o juntamente com a mãe escrava.





Esses dois filhos de Abraão deram origem as três religiões monoteístas mais importantes do mundo: O Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo. Jerusalém é a cidade sagrada para as três religões.



Moisés, que veio a livertar os hebreus por volta de 500 anos mais tarde, vindo a migrar para Canaã(Palestina) ou a Terra Santa prometida, descende de Isaac(assim como Jesus).



O profeta Mohammed descende de Ismael.







O judeus viveram na Palestina desde a época de Moisés até serem expulsos pelos romanos. Sendo assim, migraram principalmente para a Europa, onde sempre sofreram discriminação, mesmo antes de Hitler. Enquanto isso, a cultura Árabe expandiu para o Oriente Médio, atingindo a Palestina. Houve realmente uma época em que judeus e palestinos viveram em harmonia na Terra Santa. O problema começou de fato, quando vieram os judeus oriundos da Europa. Principalmente após a Segunda Guerra e o Holocausto, os judeus voltaram para a Palestina. Os árabes se indignaram, pois sempre desprezaram os costumes "libertinos" (de acordo com eles) dos Ocidentais. Começaria uma guerra de décadas.

A partilha da Palestina pela ONU apenas acentuou o conflito, uma vez que 55% foi dado ao menos povo (judeu), restando 45% para os palestinos, que se recusaram a aceitar o Estado de Israel, vindo a comprometer a própria criação de um estado para eles. Entre as regiões de mais intensidade no conflito, estão a Faixa de Gaza e o Canal de Suez, ambos ocupações plaestinas invadida insistentimente por Israel. Os grupos religiosos radicais de ambos os lados sempre atrapalharam as negociações. E é calro que os mais prejudicados são os inocentes, a população civil.


A Questão Palestina é mais uma demonstração de como o ser humano ainda tem de evoluir. Como dois povos não conseguem viver na mesma terra, respeitando cada um os seus costumes?
É absurdo.
E tal como a guerra, é o dia-a-dia.
Quantas vezes você já foi xingado no trânsito? Ou não brigou com alguém por causa de um gosto musical?
É tão difícil assim respeitar as diferenças?
Parece que sim. Porque senão os adolescentes não seriam tão divididos em "tribos", não existira preconceitos contra os EMOS ou metaleiros, e mesmo porque, não existiria rótulos. E quem sabe não existiria Israel e a Palestina fosse uma pátria de todos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dentadura Postiça

Tenteis em vão chegar cedo ao trabalho

Sereis então o produto do talho

Exercício, malho, terra de caolho

Fecha a cabeça, parafuso e ferrolho

Baixa a viseira para proteger a vista

Vais esquecendo os produtos da lista

Carta de despejo dispensa o passaro do realejo

Ele pega um último cartão

Enquanto a mão sem força gira a manivela

Para tocar a música suave que entra pela porta

Voa pela sala e varre o parapeito da janela


Tenteis em vão não ser o último da fila

A fila já é filha da espera em vão

Tenteis acariciar o cão de terno

Enquanto, com os dentes finos, ele mordisca

Belisca enquanto tu és a isca

Aproveitas enquanto não te ariscas

No rio, cheio de serpentes

Aproveitas enquanto não tens dentes

Alguns meses inserido nesse mundo de serpentes, ele não tem nenhum dente na boca, mas já tem um belo plano de saúde que o cobre do enfarto, que certamente terá após algumas milhas e milhos de drive thur, até seu aparelho dentário e, no fim da vida, como não poderia faltar, sua dentadura postiça de dentes brancos, lindos, falsos, enganosos.

Ele está cercado pelas serpentes que se comem umas as outras querendo consumi-lo também, ele não tem mais saída.

As serpentes o cercam, ele nem ainda compreende o que acontece, vê com seus olhos que ainda não pagaram o preço da inocência.

Cercado ele ainda não compreende que logo após nascer, ele não tem mais vida, ela pertence às serpentes.

Sem vida, ele acaba de nascer.